Tropa de Louvor é o grupo formado por membros do Batalhão de Operações Especiais, que realiza shows-cultos e se apresenta com a arma na cintura e a Bíblia na mão direita.
'Se queres a paz, prepara-te para guerra'. A frase estampada em latim na parte de trás da camisa preta é o aviso que os integrantes da Tropa de Louvor deixam por onde passam. A banda gospel é formada por membros dos Caveiras de Cristo, policiais evangélicos que integram o Batalhão de Operações Especiais (Bope). A Tropa realiza cultos-shows nas comunidades pacificadas e cria uma nova vertente de comportamento, por vezes contraditório, na unidade em que seus homens são treinados para matar.

“Deus está neste lugar”, diz o sargento do Bope e pastor da Igreja Assembleia de Deus Carlos Mello, para um grupo de 200 pessoas, entre eles pastores. No culto-show do Borel, no sábado à tarde. Com a tradicional farda do Bope, o emblema da caveira no braço esquerdo e a Bíblia na mão direita, ele conta seus testemunhos de conversão e convida os moradores para uma tarde de louvor: “Estamos aqui trazendo a palavra do Senhor”.
O público, tímido no início, não demora a se acostumar com a cena do palco: um coral de homens de preto, com coldres e armas na cintura, cantando e orando. A quadra da Escola de Samba Unidos da Tijuca se transforma então numa espécie de templo evangélico dos Caveiras de Cristo.
No culto, animado pela Tropa de Louvor, a interação com os moradores é mantida o tempo inteiro. Além dos momentos de cura e libertação, a banda abre para o plateia um espaço para uma espécie de show de calouros evangélico. Neste momento vale tudo: alguns anunciam o CD que será lançado, outros cantam funk-gospel e ainda há os que aproveitam para prestar depoimentos como o de uma ex-alcoólatra.
“É a primeira vez que os vejo. Estou realmente surpresa. Desmistifica aquela imagem do Bope nos lugares com o Caveirão e para matar”, disse a auxiliar de creche, Andréia Cristiane de Albuquerque, 34 anos.
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